Levantada nos últimos dias, a possibilidade de uma mudança no estatuto do Fluminense para viabilizar uma candidatura de Pedro Antônio à presidência, com o apoio de Peter Siemsen, já causa reação imediata em oposicionistas. Muitos consideram a possível manobra como um golpe. Veja o que importantes figuras políticas do clube disseram a respeito:
Cacá Cardoso, pré-candidato pela chapa “Flu 2050”
“É possível? É. Mas é uma questão sensível. A atual gestão promoveu avanços, e isso seria um tremendo retrocesso. Fui vice jurídico da atual gestão por quase cinco anos e participei ativamente da mini reforma de 2012. Peter e o grupo de sustentação dele queriam proteger o clube de pessoas “aproveitadoras e sem tradição”. Por ter feito parte da gestão, posso dizer que o Fluminense é contra virada de mesa. Seria uma contradição. As regras são feitas para serem cumpridas. Não tenho nada contra ninguém, mas uma alteração não pode ser feita para beneficiar quem quer que seja.
Tenho uma boa relação com o Pedro Antônio. Um empresário bem-sucedido como ela sabe que mudanças geram insegurança em investidores. Ele faz um belíssimo trabalho nas obras do CT e, se respeitar o prazo, pode ser candidatar. Ele não deveria estimular isso. Como diz nosso hino, “Quem espera sempre alcança”. O Fluminense está acima de tudo e de todos.”
Pedro Trengrouse, pré-candidato
“Pedro Antônio seria um ótimo candidato. Eu, aliás, quero contar com ele na minha gestão se for eleito. Quando ele entrou de sócio, a regra já era essa (cinco anos de associação para ser presidente). É uma pena que ele não tenha entrado de sócio antes. Não vejo porque mudar o estatuto. Até porque acho que o Pedro Antônio pode contribuir muito na próxima gestão mesmo não sendo presidente. Uma coisa me preocupa: O Mário (Bittencourt) foi afastado do clube com o argumento do Peter de que não queria um vice-presidente fazendo campanha política. Tomara que ele não tire o Pedro Antônio agora. A situação é a mesma depois da entrevista do Pedro Ele faz um trabalho excelente no CT e o Peter não deveria mexer nisso agora. Isso me preocupa.
Outro ponto é que essa questão estatutária se confunde com a própria eleição. Se o estatuto for alterado para ele ser o presidente, nem precisa mais ter eleição. Será quase como escrever que o presidente tem de ser o Pedro Antonio. Neste momento, a mudança estatutária se transforma na própria eleição. Essa discussão agora é muito ruim. A imagem do Fluminense já é arranhada por acusações de virada de mesa e agora se fala em uma virada de mesa interna? Isso é péssimo. Quem quer presidir o clube tem de contribuir para engrandecer a sua imagem. E quem propõem essa mudança não está preocupado com isso.
Vou enviar uma carta para o presidente do Conselho Deliberativo pedindo que ele defina logo as regras dessa eleição. O estatuto fala em pouco tempo para a inscrição das chapas. É importante começar a se debater e conhecer as propostas de cada candidato desde já. Vou pedir também para que a eleição seja feita pela internet. De nada adianta ter vários sócios novos podendo votar se o cara que mora no Acre precisar vir até o Rio.”
Rogério Félix, do grupo político Flusócio
“Não posso falar sobre o grupo todo. Ainda vamos debater. Sei que tem pessoas que não se agradam em mudar o estatuto. Gosto muito do Pedro Antonio, tenho proximidade com ele. O trabalho dele é espetacular. Mudar um estatuto recém alterado não é a melhor forma. Se houver votação em assembleia e acontecer… terá legitimidade. Particularmente, não gostaria.”
A maior preocupação é mudar uma regra por uma situação específica. Pedro Antonio é muito importante ao clube. Ele pode contribuir de outras formas. Não parece, mesmo sendo válido, ser bom mudar assim”.
Nota da redação: Pedro Abad será o candidato da Flusócio nas próximas eleições, mas não quis se pronunciar neste momento sobre este assunto.
Ademar Arrais, conselheiro de oposição, do grupo “Ideal Tricolor”
“Não tem cabimento fazer uma operação específica para torna-lo candidato. Isso configuraria um golpe. Entendo que tanto Peter quanto Pedro Antonio deveriam pensar na instituição e tentar uma pacificação do clube. É só ver a aprovação do voto do Sócio Futebol. Não aprovamos, nós do Ideal Tricolor, para a primeira eleição do Peter. Apenas para a segunda. Mudança eleitoral não pode ser casuística. Só pode regular eleições futuras e não interesses privados.
Não acredito que o Pedro Antonio entenda que é mais importante ele ser presidente do que o clube ser bem administrado. Ele é tricolor e deve entender que a instituição tem de ser bem administrada. E isso não precisa ser necessariamente com ele presidente. Primeiro, não é possível. Segundo: não é necessário. Ele pode contribuir em outro contexto na próxima direção. Essa alteração vai deixar o mandato dele, caso seja eleito, questionável. Vai passar todo o período sendo questionado. Nem para ele vai ser bom. Ser toda hora considerado um presidente ilegítimo não é bom”.