Amigos, o Fluminense é o grande campeão da Copa da Primeira Liga. Na memorável noite de quarta-feira, em Juiz de Fora, coube a Marcos Júnior marcar aquele que seria o gol do título, após o lançamento do interminável Magno Alves. O Fluminense venceu o Atlético Paranaense por 1 a 0, e levantou a taça.
Taça que agora faz companhia a tantas outras, na sala de troféus da rua Álvaro Chaves, número 41. Taça que certamente está sorrindo, porque não poderia ter melhor destino que o berço do futebol brasileiro. Taça que vem recheada de história.
História, sim. A Copa da Primeira Liga é o passo inicial da necessária revolução do futebol brasileiro. Não é à toa que os velhos dinossauros foram contrários à sua realização. O seu fortalecimento significará o fim do amadorismo, o fim da corroída estrutura das Federações, e o começo de novos tempos para os clubes, que começam a entender sua importância fundamental. Com média de público de 11.842 pagantes, a Copa da Primeira Liga é a competição nacional de maior sucesso neste primeiro semestre, superando com folga todos os campeonatos estaduais.
A campanha do Fluminense na competição é uma história de superação. Na estreia (derrota de 1 a 0 para o Atlético Paranaense, em Volta Redonda), perdemos Fred para o resto do torneio, e todos deram o Tricolor como liquidado. Entretanto, no segundo jogo, provamos que não precisávamos de Fred, com uma bela vitória de 4 a 3 sobre o poderoso Cruzeiro, no Mineirão, três gols de Diego Souza e um de Gustavo Scarpa. Na terceira partida, em Juiz de Fora, com um time reserva, vencemos o Criciúma por 2 a 0, dois gols de Gérson, e nos garantimos na semifinal.
Sofreríamos então um novo e importante desfalque: Diego Souza, com a loucura que parece acompanhar tantos craques, resolveu voltar para Recife, e nós teríamos que vencer o Internacional sem ele e sem Fred. No Mané Garrincha, em Brasília, Osvaldo marcou duas vezes, mas cedemos o empate e tivemos que decidir a vaga na cruel definição por pênaltis. O goleiro Diego Cavalieri então virou herói, defendendo duas cobranças para nos levar para a finalíssima.
Na final, o Atlético Paranaense, adversário que havia nos derrotado na estreia. E a superação derradeira, num jogo recheado de dramas e emoções. O rubro-negro de Curitiba quase marcou no primeiro tempo, com um chute de Vinícius que explodiu no travessão. Alguns acham que foi sorte do Fluminense: eu digo que foi a santa leiteria de Carlos Castilho que nos salvou. E então, aos 35 minutos da etapa complementar, Marcos Júnior arrancou para a glória. Era o gol, era a festa, era o título.
A nota triste da noite: enquanto festejávamos a conquista nas arquibancadas do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, sofremos uma desnecessária e inaceitável agressão da Polícia Militar de Minas Gerais. Por causa da meia dúzia que tentava invadir o campo, os policiais resolveram atirar gás de pimenta para cima de mais de dez mil pessoas, dentre elas muitos idosos e crianças, num espaço apertado. Demos muita sorte, pois poderia ter havido até mortes no tumulto causado pela irresponsabilidade dos agentes da lei.
Felizmente, todos ficamos bem. Nem mesmo o episódio lamentável conseguiu diminuir nossa alegria: somos os gloriosos campeões, desde quarta-feira e para sempre.
Alguns rivais recalcados tentam desprezar nossa conquista. Ouvi uma zombaria de um vascaíno, à qual respondi: “Rapaz, a Primeira Liga tem dez times de primeira divisão! O Campeonato Carioca só tem três…”. A verdade é que todos desejavam estar no nosso lugar, comemorando uma conquista histórica. Como dizia Nelson Rodrigues, a irritação que o Fluminense provoca é um sintoma nítido e taxativo de glória.
Esta nós dedicamos a você, Telê, Fio de Esperança, nosso eterno ídolo, que há dez anos sucumbia à cruel condição da natureza humana. Nas tuas Minas Gerais, levantamos mais uma taça. E foi apenas a primeira desta temporada, porque o Fluminense merece mais, muito mais. E terá.
Já dizia o profeta: se quer saber o futuro do Fluminense, olhe para o seu passado: a história tricolor traduz sua predestinação para a glória.