Peter diz que queria apenas um técnico para sua gestão e Abel poderia ter sido esse nome (Foto: Photocamera)
Peter diz que queria apenas um técnico para sua gestão e Abel poderia ter sido esse nome (Foto: Photocamera)

Peter Siemsen vai chegando ao fim de sua gestão. O presidente está em seu segundo mandato e tem muito a olhar para trás. Ao falar sobre o trabalho no Fluminense, o mandatário diz ter muitos pontos favoráveis a serem destacados, mas também há arrependimentos. Demitir Abel Braga em 2013, um ano após o técnico ter levado o time ao título brasileiro, é algo que ainda o incomoda.

– Foi um período de muita luta. Cheguei com uma situação financeira grave, mas com patrocinador forte no futebol profissional. Todo o resto em situação grave. Estrutura do centro de treinamento da década de 1920. Não tinha nem Maracanã naquele momento. Não tinha ato trabalhista. Tinha mais de 500 ações trabalhistas em curso. Cota de TV do ano seguinte já comprometida, adiantada. O que mais achei errado naquela época é que não tive nem acesso a Xerém. Não queriam que o candidato da oposição tivesse acesso. Quando cheguei, eu me assustei. Parecia o Carandiru. Portas quebradas, sem pia, quartos mofados… Tinha erosão com buraco no campo. Era pau pintado de branco para os jogadores não caírem durante o treinamento. Eu me orgulho que me dediquei muito a isso. Paguei o 13º em janeiro e foquei nisso. Nem fui aos jogos do começo da Libertadores em 2011 por causa disso, para trabalhar nisso. Hoje o Fluminense forma jogadores todo ano. Alguns que vão para o time e outros são vendidos. Hoje as ações são periféricas, questão de cargos e salários. Pagamos aos atos trabalhistas. O clube vem tendo bons resultados financeiros. Todo mundo que quem dívida no Brasil tem problema, pois o juro é altíssimo. As dívidas ainda assim diminuíram, estão controladas. Conseguimos um centro de treinamento em área nobre do Rio de Janeiro. Será aberto em setembro. Temos três hospitais na rua. Um novo hotel, shopping metropolitano… Uma área espetacular. São legados legais. O que acho que não foi legal foi a saída do Abel. Desde aquele tempo queria um técnico para todo o meu mandato e um técnico grande ajuda nessa linha. Quando aceitei ali (demitir), perdi essa característica. Errei ao aceitar essa mudança por pressão. Poderia ter sido mais firme em passar por processo de elenco mais barato, com mais jogadores formados em casa, por um período maior. Acertaria a questão financeira mais rapidamente. Só que isso é um risco. Pois a questão psicológica pesa mais para os jovens. Acho que deixo algo legal para quem vem. Um clube com centro de treinamento. Um clube mais democrático. Antes eram 5 mil que podiam votar, agora quase 30 mil. Precisa de continuidade. Algo já deixo como desafio para o próximo presidente. Acho que o clube precisa pensar em construir um estádio próprio. Temos um ótimo contrato com o Maracanã, mas o estádio próprio é uma questão de identidade – analisou.


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