A constante briga entre Fluminense e Flamengo com a Ferj acabou enfraquecendo a Primeira Liga, embora os clubes tenham confirmado participação. Por conta de uma falta de posicionamento ainda mais firme das equipes, o jornalista do Uol Esportes, através de seu blog, criticou os clubes cariocas.
Confira:
“Flamengo e Fluminense lutaram pela criação da Primeira Liga, lideraram o início do processo, por conta do litígio com a FERJ de Rubens Lopes.
Com a pressão da federação carioca, a CBF não deu o aval para a disputa da Sul-Minas-Rio como um torneio oficial em 2016. A frágil entidade, envolvida em escândalos de corrupção com a FIFA. Para variar, os clubes não se uniram e, desconfiados da isenção de Alexandre Kalil como CEO, enfraqueceram os elos.
Agora a FERJ acena com a possibilidade de seus afiliados participarem da Primeira Liga em 2017. Mas pelo critério técnico, de classificação pelo Carioca. O que significa que Vasco e Botafogo, aliados da federação e contrários à ideia de uma nova liga, poderiam disputar e a dupla Fla-Flu assistindo pela TV. Ou seja, seriam os “bobos da corte”.
Os demais clubes da Primeira Liga prometem solidariedade à dupla carioca, mas como acreditar? A Copa União de 1987, único exemplo de gestão real de clubes em um campeonato no Brasil, faz duvidar de qualquer movimento com fidelidade e resistência até o fim.
Porque os regulamentos e estatutos beneficiam o status quo. Mantém a estrutura federativa e se cercam de tal maneira, inclusive com a chancela da FIFA, que para os clubes parece impossível se insurgir contra.
Mas não é. O Flamengo, time de maior torcida do Brasil, que dá resposta em audiência na TV e bilheteria, poderia, se quisesse, enfrentar o sistema. Porque o Carioca, que já é deficitário, seria inviável. Inclusive para a televisão, que exigiu a escalação de titulares e foi atendida.
O rubro-negro carioca o único clube que, mesmo indo às últimas conseqüências e sendo desfiliado, poderia se sustentar viajando o Brasil e pelo mundo em jogos amistosos. Não faltariam emissoras interessadas em transmitir.
O mais importante: abriria o precedente. Para que outros clubes percebessem que ser escravo das federações não é a única maneira de sobreviver. Que passou da hora de se mobilizarem de fato e serem capazes de mediar suas próprias questões. Que a subserviência de hoje só atende uma demanda imediata. A longo prazo todos perdem.
A FERJ ou qualquer federação só existe e tem toda essa força política pela incompetência de quem deveria liderar o processo. Federação não tem torcida, marca. Não é alvo de paixão. Descartável, portanto.
No país de passado negro na ditadura, do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, os políticos parecem inatingíveis. Sabem usar discursos e manejar as leis. Na prática, porém, todo poder emana do povo. No futebol, dos clubes. Que representam as massas. Basta acreditar.
Pode soar ingênuo. Mas bobo é quem aceita passivamente esse ciclo para lá de vicioso e viciado.“