Noite da última quarta-feira teve um triste final para a torcida tricolor (Foto: Nelson Perez - FFC)
Noite da última quarta-feira teve um triste final para a torcida tricolor (Foto: Nelson Perez – FFC)

Por Rodrigo Mendes

A noite da última quarta-feira foi de acontecimentos tristes para os tricolores. Além da eliminação do Fluminense na semifinal da Copa do Brasil, nos pênaltis, para o Palmeiras, um torcedor ainda veio a falecer após passar mal no Allianz Parque: Flavio Gusmão, de 51 anos, morto no dia seguinte na Santa Casa de Misericórdia. A história, porém, quase teve um outro desfecho. Responsável por prestar os primeiros socorros ao notar que estava tendo uma parada cardiorrespiratória, o médico Fernando Morbeck, de 27 anos, chegou a reanimá-lo no local e contou ao NETFLU os fatos daquela fatídica noite.

 
 
 

Baiano, torcedor do Fluminense e morador de São Paulo, Fernando aproveitou para apoiar o time e estava sentado justamente ao lado do senhor Flavio, com quem conversou durante praticamente todo o jogo.

– Ele assistiu ao jogo do meu lado, estava normal. Fiquei desesperado naquele gol do Palmeiras impedido no fim da partida e foi ele quem me avisou que havia sido anulado. Ele estava 100%. Então, ao terminar o jogo, todos os torcedores continuaram sentados para esperar a liberação do portão pela polícia, um procedimento padrão. Ele estava lá, sentado, até se lamentando. Estava com minha parceira e fomos levantar para ir. Pedi para ele desencostar da proteção da frente, onde estava apoiado. Chamei duas vezes e não respondeu. Aí o puxei e vi que estava roxo. Diagnostiquei a parada cardiorrespiratória e iniciei a reanimação cardiopulmonar. Na hora, um outro médico se apresentou e tocamos a reanimação. Depois, ainda chegou mais um e ficamos em três. Conseguimos reanimá-lo – relata.

Fernando ainda recorda que o corpo de bombeiros não demorou a chegar, apesar de ter encontrado dificuldades.

– O bombeiro chegou rápido, porém, sem o equipamento necessário: prancha e desfibrilador externo automático (DEA). O DEA precisaria ter aparecido logo. A polícia demorou um pouco mais, mas não tanto. Ajudou a conter, pois ficam muitos curiosos e acabam atrapalhando mais do que ajudando. Não tenho o que me queixar da PM – comentou.

O médico, mesmo não tendo nada a reclamar das autoridades, aponta alguns problemas encontrados em relação à logística no estádio, assim como a ausência do equipamento necessário de maneira mais rápida.

– Um ponto negativo é o pequeno espaço entre as cadeiras. Prejudicou a remoção, pois a prancha entrou com dificuldade. Ele saiu de lá com vida, mas o prognóstico de parada cardiorrespiratória fora de ambiente hospitalar é horrível – afirmou, explicando que a presença do DEA é obrigatória, mas não significa necessariamente que mudaria a história:

– Isso nunca saberemos. Pode ser que sim, ou que não fizesse diferença. Mas, por protocolo, precisaria ter. Infarto é uma fatalidade, poderia acontecer num quarto de hotel sozinho, no trabalho… Agora só resta confortar a família. Ele parecia ser uma pessoa muito engraçada e era um tricolor.

Triste e resignado com o desfecho negativo, o doutor Fernando manda sua mensagem de solidariedade à família de Flavio Mendes.

– Queria que alguém transmitisse os meus pêsames a eles. Ele estava muito sorridente naquele dia – encerra.


Sem comentários