Ronaldinho foi muito cobrado no Fluminense (Foto: Nelson Perez - FFC)
Ronaldinho foi muito cobrado no Fluminense (Foto: Nelson Perez – FFC)

Maior grupo político tricolor, a Flusócio lançou, na última terça-feira, um post falando sobre a estratégia do Fluminense desde a saída da Unimed, destacando a aposta arriscada em Ronaldinho. Em tom reflexivo, o grupo espera que a cúpula do Flu tenha aprendido a lição, depois do fiasco que foi a curta passagem do atleta pelas Laranjeiras.

Confira o post na íntegra:

 
 
 

“No início de 2015, o ano sinalizava com um duro período de transição após a saída de um patrocinador de 15 anos, um cenário de perspectivas ruins que trazia risco de ações trabalhistas e a possibilidade de jogarmos as competições com um time basicamente de meninos.

A duras penas, mesmo diante da redução drástica no orçamento para fazer futebol, o Fluminense conseguiu se estruturar e passar pela turbulência negociando os atletas que tinham propostas externas, tais como Rafael Sóbis, Conca, Cícero e Walter, e renovando com ao menos cinco atletas da “era Unimed” para que estes pudessem funcionar como a espinha dorsal de um time muito jovem. Foram eles Fred, Wagner, Jean, Cavalieri e Gum. Tal estratégia também mitigou o risco trabalhista de todos estes jogadores saírem ao mesmo tempo e acionarem o Clube na Justiça do Trabalho exigindo a remuneração inteira (salários + direitos de imagem), hipótese que se tornou alta após a interrupção dos pagamentos da Unimed aos jogadores que ainda estavam sob contrato de imagem.

Felizmente, conseguimos recuperar dois jogadores que estavam esquecidos, apenas completando treinamentos coletivos, mas que se tornaram úteis: Marcos Junior e Gustavo Scarpa. Some-se aí o crescimento de Marlon, Kennedy e Gerson e o bom desempenho de algumas apostas como Vinícius e Giovanni. Pronto! Tínhamos um time competitivo, jogando com muita alma e sintonia com a torcida, duelando pelas primeiras posições na tabela, apesar de um elenco que ainda tinha poucas opções de reposição.

Foi então que, na afã de tentar algo mais em 2015, a diretoria de futebol apostou alto e errou. Na hora de encorpar o grupo para tentar a conquista dos títulos, optou-se jogadores que já estão em trajetória descendente há muitos anos, tais como Ronaldinho Gaúcho, Wellington Paulista, Magno Alves e Antonio Carlos. A volta do Cícero não foi uma opção, mas sim uma desistência por parte dos árabes. E mesmo Osvaldo, jogador desejado por todos pois complementa o estilo de jogo do Fred, ainda não conseguiu mostrar nada de positivo. Como resultado, infelizmente ficamos mais caros e menos competitivos, pois fugimos de nossa estratégia de montar um time jovem, de muita correria e entrega na marcação. Os resultados simplesmente sumiram.

De todos os jogadores trazidos na tentativa de encorpar o elenco, o principal nome foi sem dúvida o de Ronaldinho Gaúcho, uma aposta de altíssimo risco. De fato havia benefícios indiretos nesta contratação, como o aumento no número de sócios, a motivação da torcida e a repercussão internacional da novidade, mas infelizmente tudo deu errado dentro de campo.

O Ronaldinho Gaúcho de hoje em dia não é nem sombra do que foi em sua carreira, e há notícias na imprensa de que não se empenhava nos treinamentos para adquirir a mínima condição atlética necessária, além das constantes festas até altas horas da noite em sua residência. Em resumo, não parece mais motivado a ser atleta profissional.

Infelizmente, R10 foi uma lenda do futebol que se tornou um grande erro para o Fluminense, e também acabou contribuindo decisivamente para desmontar a competitividade da equipe e consequentemente a confiança da torcida.

Ao menos, a aposta que se tornou um erro foi corrigido a tempo pela diretoria, sem muito alarde. Após 3 meses, nenhum gol e nenhuma assistência, Ronaldinho Gaúcho se despediu do Fluminense sem crises via imprensa, através de acordo amigável e com mensagens de agradecimento à torcida nas redes sociais.

Em seu texto de despedida no Facebook, R10 pareceu constrangido por não ter conseguido corresponder à confiança depositada por todos, e de fato foi correto com o Fluminense ao anunciar o fim de seu compromisso profissional. A forma como foi conduzido o distrato contrasta com as rescisões que eram feitas num passado recente, quando contratações erradas foram desfeitas gerando calotes, processos trabalhistas e também a perda de instrumentos importantes para o controle do passivo da instituição, como o Ato Trabalhista.

O Fluminense precisa entender que seu tempo de medalhões em abundância acabou. O caminho é investir nas divisões de base e nas apostas com criteriosa observação técnica, mas considerando também aspectos comportamentais e de viabilidade econômica. O mercado sul-americano também pode e deve ser usado para encorpar nosso elenco.

Precisamos nos adequar a um modelo de formação de equipe parecido com o que é hoje aplicado com sucesso pelo Santos, que rotineiramente passa 1 ou 2 anos com um time jovem mas promissor, completado com alguns poucos atletas mais rodados. Após os jovens vingarem, naturalmente aparecem as conquistas e as grandes negociações, gerando receita expressiva, e reinicia-se o ciclo novamente.

Esta é a receita que vai nos manter competitivos contra os Clubes que detém a maior fatia das receitas de TV e patrocínios.

Erros existem para servir como lições aprendidas. Que assim seja”.


Sem comentários