Uma das maiores polêmicas – talvez a mais marcante do primeiro semestre deste ano – envolve Fluminense e Vasco, nas figuras dos presidentes das equipes, Peter Siemsen e Eurico Miranda, respectivamente, quanto ao lugar de suas torcidas no “Maior do Mundo”. Tendo apoio da Ferj e ferindo a autonomia contratual do Time de Guerreiros o Consórcio Maracanã S.A, o Vasco da Gama, que exigia a permanência de seus torcedores à direita das cabines de imprensa, criou a maior celeuma do Campeonato Carioca. Baseado na assinatura feita com a empresa que administra o estádio, o Flu, obviamente, não cedeu e, numa atitude unilateral, a federação transferiu alguns jogos do Tricolor, tirando-o de sua casa, o Maracanã, incluindo diante da equipe de São Januário.
O cenário determinou diversas ações do clube das Laranjeiras, incluindo a possibilidade de rompimento com a federação. Primeira equipe a fechar contrato com o Novo Maracanã, no período de 35 anos, o Fluminense entendeu que, dado o período, seria interessante, sobretudo comercialmente, manter um lado fixo no estádio. Num primeiro momento, o consórcio foi contra, porque não queria entrar em polêmicas com outras agremiações futebolísticas, já que desejava fechar acordo com todos os grandes clubes cariocas. O ex-braço direito de Peter Siemsen, Jackson Vasconcelos, revela, através de seu livro “O jogo dos cartolas”, como surgiu a ideia que viria a ser, tempos depois, uma dos principais motivos para o imbróglio entre Vasco, Flu e Ferj.
– A negociação ainda reservaria algumas emoções, mas até aquele momento tudo caminhava bem. Um desses momentos de tensão ocorreu quando exigimos o lugar fixo no Maracanã. Era algo que fazia sentido prático, já que o Fluminense, ao assinar contrato por 35 anos (com possibilidade de extensão), o teria como sua casa. O Vasco e o Botafogo fariam uso eventual do estádio. Mas quando se trata de paixão, como as que as torcidas nutrem por seus clubes, nem sempre a razão impera. O consórcio, que desejava que os quatro grandes assinassem com ele, não gostaria de ser o responsável por mover qualquer torcida de lugar. Por eles, mantinha-se tudo como era. Mas isso não fazia sentido na negociação em curso. E por esse motivo insistimos até altas horas da madrugada de uma quarta-feira, até que tivemos a concordância do consórcio – o Fluminense passava a ter local fixo – escreveu.
Na sexta-feira, o jornalista Paulo Brito, através de seu blog, dará mais detalhes dos fatos narrados no livro de Jackson Vasconcelos, passeando pelas torcidas organizadas, grupos políticos, análise de gestão do Fluminense, dando ênfase às decisões tomadas pelo presidente, bem como o contrato com a Unimed. Não deixe de acompanhar.