Parecia que não, mas deu liga. De um bando em campo para um time de verdade, crescendo no decorrer do torneio. Torcedores de todos os cantos do Brasil puderam acompanhar o que de melhor o Fluminense soube fazer em sua trajetória mais do que centenária: história.
Superando a desconfiança de uma estreia com revés, o Time de Guerreiros ressurgiu das tumbas, evocando sua essência triunfante pelos gramados tupiniquins, subindo degrau por degrau até o lugar mais alto do pódio.
Eles achavam que ninguém ligaria. Com a anuência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) quase que na marra, após a proximidade de um litígio com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), o Tricolor fez da insistência sua morada. Sem estádio e, ao mesmo tempo, acolhido pelos quatro cantos do país, o esquadrão verde, branco e grená privilegiara, a seu modo, o embrião de uma revolução. Ao passo que o malfadado Campeonato Carioca cambaleava, expondo os grandes ao ridículo, obtendo média de público vergonhosa, a competição, originalmente marginal, impulsionava os aficionados nas arquibancadas.
Copa Sul-Minas-Rio ou, se preferir, Primeira Liga. Prazer, Fluminense! Um pequeno passo para 15 clubes, uma grande alternativa para o público e patrocinadores. Independente, forte, representativa, teve como primeiro conquistador uma das instituições que mais a defendeu, doa a quem doesse. O Tricolor se fez impetuoso, batendo de frente com os interesses contraproducentes da entidade estadual, botando o coração na ponta das chuteiras e materializando o desejo do torcedor a cada bola que estufava as redes. Eurico Miranda e Rubens Lopes tiveram de engolir, observando pela TV o passeio assinado pelo time de Levir Culpi.
Fora de campo, a história era escrita por diversos sorrisos, num mar colorido de grandes emoções. O Fluminense, sim, é enorme, como apregoava Nelson Rodrigues. Com as unhas entre os dentes, o semblante na expectativa pelo grito pleno de gol pedia passagem. A espera se confundia com um dilúvio de ambição infinita por um dos combustíveis primordiais para a manutenção da paixão clubística. Não é apenas sobre títulos, mas pela honra à camisa, pela ciência de que não são só 11 que vislumbram o triunfo. Uma legião de fãs que pulsa nos sofás, bares, hospitais, estádios, bancos dos carros, metrôs, testemunhando com os olhos, tato e/ou ouvidos, quer se sentir sempre encarnada com intensidade. E foi! Somente o que sentem justificam o que fazem.
Mesmo para um clube tantas vezes campeão, a alegria do título é como o nascimento de mais um filho: inconcebível não celebrar. Em busca de uma verdadeira democratização do futebol dando poder aos que devem possuí-lo, a Primeira Liga tem dono, um detentor da coroa! Amigos, a humildade acaba aqui. Não adiantam os rivais elaborarem discursos articulados para minimizar o óbvio ululante da importância do feito. Recalcados, invejosos, vão em breve querer ostentar a mesma conquista em suas salas de troféus, repetindo o caminho aberto pelo Time de Guerreiros. Vão ter de tentar!
No próximo ano, provavelmente ainda mais forte, o Tricolor irá buscar o bicampeonato. E não importa a praça, cidade, estado, porque, como dizia o profeta tricolor: “se o Fluminense jogasse no céu, eu morreria para vê-lo jogar”. Aos fatos, que permaneça o privilégio de não amargarem a ocasião de ver o clube das Laranjeiras ser batido, apesar de sua superioridade vertiginosa toda vez que se propõe a jogar pela torcida!
De hoje em diante, ao olhar para as cores que traduzem tradição, os outros enxergarão, também, mais uma herança grifada pelo Fluminense. Através da notória predestinação pela eternidade, sobretudo nos feitos do passado e do presente, o futuro é uma reticência feliz abraçada com o Tricolor. As cortinas se abriram, o show começou e a taça foi erguida pelos guerreiros, em Juiz de Fora. Todo o resto, a partir de agora, será história. Portanto, torcida, pode soltar o grito da garganta: É campeão!!!!